ECONOMIA SOLIDÁRIA

A temática da economia social esteve em destaque na atividade da Fundação João XXIII – Casa do Oeste, parceiro do CREIAS Oeste, pela sua importância na perspetiva do desenvolvimento sustentável publicam-se as principais conclusões dos eventos realizados em 2015 e 2016. Para 2017 está a ser planeado novo encontro a realizar em 31 de março e 1 abril.

– Conferência sobre “Economia social e solidária”, dia 28 de maio de 2015

Esta conferência foi orientada pelo Professor Roque Amaro, que para além de ser um professor universitário especializado em Economia Social e Solidária é também uma pessoa empenhada e comprometida com experiências de Economia Social e Solidária já existentes na Europa, África e América Latina.

A conferência foi particularmente importante precisamente pela riqueza académica a que se associou a descrição de diversas experiências que têm levado a economia social e solidária à prática. Neste contexto foi particularmente interessante a intervenção do Júlio Ricardo ao relatar o trabalho desenvolvido na Cooperativa Terra Chã desde o seu início,1984, até aos nossos dias.

Mas afinal de que estamos a falar quando se fala de economia social e solidária? Comecemos então pela economia que conhecemos….a Economia de Mercado….Nesta são valorizadas, principalmente, a criação de riqueza e a produtividade sendo que o lucro é o verdadeiro motor desta economia que não existe sem a circulação monetária (pagamentos / recebimentos). Nos antípodas desta economia encontramos a economia doméstica onde os valores são de outra natureza, valorizando-se, em primeiro lugar, o “cuidar”. Aqui, não existe circulação monetária e desvaloriza-se quase por completo os pagamentos/recebimentos(dá resposta à crise que estamos a viver).

A economia social aparece historicamente como uma resposta à economia de mercado e o seu objectivo é o interesse comum e não o lucro. A economia social rege-se pelo princípio da adesão voluntária. Nesta economia as pessoas são mais importantes que o dinheiro. A gestão deverá ser democrática e deverá existir autonomia desta economia face ao Estado. Os melhores exemplos desta economia são as diversas cooperativas, mutualidades, fundações e associações. Grande parte destes projectos fracassaram quer em termos económicos (ou porque funcionavam como meras economias de mercado ou porque descuravam a parte económica da gestão) quer em termos sociais (tratavam dos pobres numa perspetiva assistencialista em vez de ensinar as pessoas a serem auto-suficientes) quer em termos políticos (os dirigentes perpetuavam-se no poder e a maioria dos restantes membros não se envolviam).

É o fracasso da economia social pelos motivos expostos que origina o aparecimento de projectos de economia social e solidária onde à economia social acresce uma economia da reciprocidade baseada em três princípios: dar sem esperar receber; receber sem obrigação de dar; trocar serviços pelo prazer de trocar isto é, sem equivalência mercantil/monetária, articulada com a economia doméstica, com vendas no mercado, articulado com a partilha de recursos do Estado (sem se substituir ao estado previdência que deve permanecer).

A economia social e solidária rege-se por um projecto de conhecimento em que o saber deve partir dos actores, deverá ter um projecto de gestão próprio, um projecto político, cultural, ambiental e um projecto ético baseado na solidariedade, democraticidade e transparência. É a economia da democracia participativa.

A sessão terminou com a apresentação de exemplos concretos de projectos de economia social e solidária já existentes, nomeadamente em Barcelona, como nos contou o Luis Serras, e outros que estão a começar a dar os primeiros passos na Europa e na América Latina e, que estão a comunicar entre eles em rede. São estes sinais do presente que nos animam para um futuro que queremos melhor mas que só será possível com a participação de todos e de cada um de nós.

 

Encontro “Desenvolvimento local, associativismo, economia solidária e mudança social”, dia 30 de maio de 2015

Neste encontro organizado em parceria com os “Amigos de Aprender” possibilitou uma partilha muito rica fruto do programa composto por um painel muito diverso:

 

  • Bunker Roi – Duma aldeia da Tilónia (Índia) para Ribamar da Lourinhã
  • Desenvolvimento num mundo global …Trocas, riscos, desafios – José Fialho Prof. universitário, Grupo de Economia Social Solidária)
  • Fundação Solidários – 30 anos a inovar no tecido social- Luís Nunes e Maria Hermínia Rebelo
  • “Cria©tividade – Tira o nó da cabeça, põe o nó na gravata” Pedro Pinto (Investigador)
  • Aldeias em rede … solidária – Landal, Chãos de Alcobertas, Miro, Brissos…

– José M. Paz, Manuel Nogueira (Dirigentes Associativos)

  • “Si puede, si puede” – Numa escola da Bronx, N. Iorque – Steven Ritz
  • Empreendorismo na escola… é possível – Prof. Eduardo C. Costa (Abrantes)
  • O desafio da Economia Social Solidária – Júlio Ricardo, presidente da Cooperativa Terra Chã (Alcobertas).
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